O que é uma criança com deficiência visual?
A deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não pode ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem critérios rígidos para definir uma deficiência. Portanto, uma pessoa com alto grau de miopia, por exemplo, não é uma pessoa com deficiência visual, uma vez que existem alternativas para correção desta limitação.
Classificação dos diferentes graus de deficiência visual:
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Qual é o impacto da deficiência visual no desenvolvimento das crianças?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem aproximadamente 1,4 milhão de crianças com deficiência visual no mundo, sendo que cerca de 90% vivem em países em desenvolvimento ou muito pobres. Com o objetivo de oferecer orientações às equipes multiprofissionais para o cuidado da saúde ocular da criança e identificação dos fatores de risco abrangendo o pré-natal, neonatal, até o final da infância, a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde (MS), com colaboração da Área Técnica Saúde da Criança e Aleitamento Materno/Dapes/SAS/MS, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) elaboraram as Diretrizes de Atenção à Saúde Ocular na Infância: detecção e intervenção precoce para a prevenção de deficiências visuais.
O trabalho contou com a colaboração de Andrea Araújo Zin, pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Célia Regina Nakanami, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), Enia Maluf Amui e Ione Maria Fonseca de Melo do MS, Liana Oliveira Ventura, da Fundação Altino Ventura e Nicole Gianini da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMSRJ). “A visão é um dos mais importantes sentidos no desenvolvimento físico e cognitivo normal da criança, por isso é importante destacar que o cuidado com a saúde visual deve começar no pré-natal, identificando infecções congênitas, como toxoplasmose, herpes, citomegalovírus, sífilis e outros. O desenvolvimento motor e a capacidade de comunicação são prejudicados na criança com deficiência visual porque gestos e condutas sociais são aprendidos pelo feedback visual. O diagnóstico precoce de doenças, um tratamento efetivo e um programa de estimulação visual precoce podem permitir que a criança tenha uma integração maior com seu meio”, explicou Andrea Araújo Zin.
A OMS classifica a deficiência visual em categorias que incluem desde a perda visual leve até a ausência total de visão e baseia-se em valores quantitativos de acuidade visual e/ou do campo visual para definir clinicamente a cegueira e a baixa visão. “Já se sabe que a pessoa com deficiência visual, cegueira ou baixa visão, tem prejuízo da sua função visual mesmo após tratamentos clínicos e/ou cirúrgicos e uso de correção óptica. Além disso, a sua capacidade para realizar atividades e tarefas diárias com a visão funcional, também é comprometida”, esclareceu a pesquisadora.
Andrea Zin enfatiza que a deficiência visual na infância e suas consequências provocam grande impacto quando se calcula o número de anos vividos com cegueira ou baixa visão, com maiores chances de atraso no desenvolvimento físico, neuropsicomotor, educacional, econômico e na qualidade de vida. “Como a visão é uma função neurológica e a criança a desenvolve rapidamente nos primeiros anos de vida, o diagnóstico e intervenção precoces para os casos que possuem tr”.
Quais são as três classificações da deficiência visual?
A deficiência visual é caracterizada como o comprometimento total ou parcial da capacidade visual de um ou ambos os olhos, que não consegue ser corrigida ou melhorada com o uso de lentes ou de tratamento clínico ou cirúrgico.
Este tipo de deficiência pode ser causada de duas maneiras, sendo a primeira de forma congênita, como alguma má formação ocular e algumas doenças oculares hereditárias, como glaucoma. Já a segunda pode ser de forma adquirida, como traumas oculares, a degeneração senil das córneas e até mesmo alterações relacionadas à hipertensão arterial ou ao diabetes podem ser causas da deficiência visual.
Ela pode ser identificada através da observação de ações como o desvio de um dos olhos, o não reconhecimento visual de objetos e pessoas, baixo aproveitamento escolar e atraso no desenvolvimento.
Normalmente, ela pode ser dividida em dois grupos principais:
- Deficiência visual leve
- Deficiência visual grave
O diagnóstico de deficiência visual pode ser feito muito cedo, exceto nos casos de doenças degenerativas como a catarata e o glaucoma, que evoluem com o passar dos anos.
De acordo com os critérios da organização Mundial da Saúde (OMS), os diferentes graus da deficiência visual podem ser classificados em:
Grau leve
Grau moderado
Grau profundo
Esta classificação também compreende os graus leve, moderada ou profunda. Ela pode ser compensada com o uso de lentes de aumento, lupas, telescópios e com o auxílio de bengalas e treinamentos de orientação.
Quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra no campo visual, mas já emprega o sistema braile para ler e escrever e utiliza recurso de voz para acessar programas eletrônicos e digitais. Estas pessoas locomovem-se com o auxílio de bengala e precisam de treinamentos de orientação e mobilidade.
Quando de fato não existe qualquer percepção de luz e sombra. Nestes casos, o sistema braile, o uso da bengala e os treinamentos de orientação e mobilidade são fundamentais.
No ambiente escolar, a própria escola pode recomendar aos pais e responsáveis que procurem fazer o exame de identificação da deficiência visual nos alunos.
Este exame é recomendado sempre que se notar comportamentos relacionados à dificuldade de leitura, dor de cabeça e dificuldade no aprendizado por conta da visão.
Quando o aluno já é diagnosticado com algum tipo de deficiência visual, ele tem o direito de usar materiais adaptados, como livros em braile e outros tipos de recursos que os ajudem a ter um aprendizado adequado.
A alfabetização realizada em braile nas crianças com cegueira total ou graus severos de deficiência visual é simultânea ao processo de alfabetização das demais crianças na escola, mas com o suporte essencial do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
De acordo com o decreto 6.571, de 17 de setembro de 2008, o Estado tem o dever de oferecer apoio técnico e financeiro para que o atendimento especializado à alunos com deficiência esteja presente em toda a rede pública de ensino. Mas cabem ao gestor da escola e às secretarias de educação a administração e o requerimento dos recursos para essa finalidade.
Quais são as dificuldades de um deficiente visual?
Uma dificuldade para o portador de deficiência visual, sem dúvidas, é a locomoção.
Como trabalhar com crianças com deficiência visual?
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A pedagoga da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Edni Fernandes Silva, lista 15 brincadeiras para estimular a diversão de crianças com deficiência visual ou de baixa visão. Afinal, toda criança tem o direito de brincar e vivenciar sua infância plena.
Durante todo o mês de abril, será trabalhado em todo o país o “Abril Marrom”, mês de sensibilização sobre a realidade de pessoas cegas ou com deficiência visual. A data é um esforço de diversas entidades médicas, centros hospitalares para minimizar os efeitos provocados pela perda da visão.
Quando o assunto é infância, é preciso considerar que práticas de inclusão passam por um entendimento pleno do contexto da criança com deficiência, mas não podem, em hipótese alguma, desconsiderar que a criança jamais deve ser esvaziada de sua principal característica: a ludicidade.
Por isso, levar em conta as limitações dessas crianças na hora de planejar as brincadeiras dos pequenos é fundamental. Por ocasião da Semana Mundial do Brincar de 2017, a Fundação Dorina Nowill listou algumas dicas simples mas cruciais para incluir crianças com necessidades específicas.
Uma das pedagogas da instituição, a profissional Edni Fernandes Silva, tem algumas dicas de como brincar e estimular a brincadeira com as crianças que têm deficiência visual, garantindo um melhor desenvolvimento dos pequenos.
- Use toques e voz suaves ao se comunicar com a criança que tem deficiência visual, aproximando sua face do rosto dele para que ela possa percebê-lo e tocá-lo.
- Auxilie a criança a conhecer o próprio corpo com toques enquanto nomeia cada parte tocada.
- Incentive que a criança siga em direção ao som de brinquedos ou da sua voz. É interessante ter brinquedos que emitam sons, como chocalhos, bolas e pelúcias com guizos.
- Brinque com a criança com deficiência visual e incentive que outras pessoas também brinquem e interajam com ela. Assim, ela se tornará mais sociável e receptiva, facilitando os relacionamentos interpessoais.
- Imite os sons que seu bebê faz e crie estímulos para que ele possa imitá-lo. Isso auxiliará na comunicação.
Se o bebê ainda não senta, coloque-o de lado para manusear o brinquedo. Invista em brinquedos com texturas diferenciadas, para estimular o tato e a percepção de diferentes objetos.
- Dê objetos à criança nomeando-os e relacionando às possíveis ações que poderão ser feitas com este item. Exemplo: “A bola. Pegue a bola. Chute a bola. Jogue a bola para cima”.
- Procure usar brinquedos contrastantes, coloridos, luminosos, de diversas texturas e tamanhos.
- Propiciar momentos em que a criança manipule e crie espontaneamente jogos a partir da exploração de objetos concretos.
- Elas possibilitam que a criança tenha uma melhor compreensão de objetos muito grandes ou impossíveis de serem alcançados (casinha com telhado, elefante, caminhão, avião, fogão, geladeira, entre outros).
- Vale incentivar brincadeiras infantis com o uso das mãos, como dedo mindinho, seu vizinho; passa anel.
Como fazer atividades para deficientes visuais?
Em 4 de janeiro comemoramos o Dia Mundial do Braile, a linguagem utilizada por pessoas com deficiência visual para ler e escrever. A data foi criada em homenagem ao francês Louis Braille, que no século XIX inventou o método.
O voluntariado, como não podia deixar de ser, tem muito a contribuir, por isso listamos algumas atividades que você pode organizar para ajudar quem pouco (ou nada) enxerga:
- Gravação de audiolivros
- Brincadeiras com crianças cegas
- Seja os olhos de alguém
- Patrocinar um cão-guia
Gravação de audiolivros
O poeta português Fernando Pessoa certa vez escreveu que “ler é sonhar pela mão de outrem”. Adaptando um pouco, pode ser também sonhar pela voz de outra pessoa. ONGs como a Fundação Dorina Nowill para Cegos possuem projetos de leitura para essa população, nos quais o voluntário grava a obra de autores para que todos possam acessá-la. A entidade está sempre à procura de voluntários dispostos a gravar. Entre em contato! As edições prontas estão disponíveis em www.dorinateca.org.br.
(Foto: Fundação Dorina Norwill)
Brincadeiras com crianças cegas
Com ou sem visão, criança é sempre criança. Gosta de brincar e de novidades. Logo, se você decidir organizar uma visita a uma instituição que trabalhe com pequenos cegos, vale se preparar. Brincadeiras em que o tato seja importante são uma ótima pedida, assim como as que demandam sons. Entre elas, “passa-anel”, cantigas de roda, “meu mestre mandou” e “telefone sem fio”. Atividades com bonecas e carrinhos também são uma boa, pois possibilitam a interação das crianças que enxergam com as que não veem. Além disso, realizar jogos que estimulam a coordenação motora, como os de encaixe ajudam o desenvolvimento dos pequenos.
Seja os olhos de alguém
Uma das maiores realizações de uma pessoa com deficiência é viver de forma independente. Conseguir isto, porém, é difícil, pois pouco está adaptado. No caso dos cegos, simplesmente saber se um produto está vencido no supermercado se torna complicado. Como resolver isso? Usando um aplicativo chamado “Be My Eyes” (seja meus olhos, em português). Ao abri-lo em seu telefone, você precisa dizer se é voluntário ou deficiente visual (o aplicativo é totalmente acessível). Com ajuda da tecnologia dos celulares, o cego pode gravar uma imagem e pedir ajuda aos voluntários cadastrados para saber o que está escrito. As pessoas respondem por mensagem de texto, lida pelo app, ou gravando uma mensagem de voz. Lançado em 2015, o aplicativo já possui 25 mil pessoas com deficiência por intermédio de 330 mil voluntários.
Patrocinar um cão-guia
Um cão-guia é o sonho de muitos cegos. Afinal, eles ajudam na locomoção pelas cidades, proporcionando-lhes independência e segurança. O problema é que a realização desse sonho é cara – o treinamento do animal custa cerca de R$30 mil e leva dois anos. Diversos projetos buscam ajuda de voluntários para dar um cão-guia a quem precisa.
(Fonte: Helen Keller – Escola de Cão Guia)
Entre as atividades, adotar um filhote de dois meses até ele completar um ano e meio, idade em que o adestramento começa, sociabilizando-o. Mais informações na página da ONG H.
Quais estratégias o professor pode utilizar com alunas ou alunos com deficiência visual?
Permita, durante as aulas, o uso do gravador, da máquina de escrever braille, de computador com programas sintetizadores de voz e ledores de texto. Promova atividades colaborativas entre os alunos, tais como as que podem ser desenvolvidas em dupla, que possibilitam ao aluno cego ter, em seu colega, um escriba e ledor.
O que deve ser trabalhado para o desenvolvimento da autonomia da criança deficiente visual?
No caso da criança com deficiência visual, o ato de brincar e de jogar se torna ainda mais fundamental. Através do ato de brincar, simples jogos, podem levar a criança a entender o seu papel em um grupo, as relações de pares existentes na sociedade.